quarta-feira, junho 08, 2011

EM FOCO:

1. CAMINHANDO E CANTANDO...
2. É O PET...
3. DIVERSOS

Aos fidelíssimos e raríssimos seguidores, informo que o tempo pós-Antonio se tornou mais curto, mas não diminuiu minha vontade de escrever. Assim, o que havia pensado para a semana que passou se juntou ao que escrevi para esta semana. Abraços.





1. Caminhando e cantando...
No dia 28/05, uma manhã ensolarada de sábado, e uma pequena manifestação contra o grande horror da corrupção impune...

Confesso que fui até o largo da Trindade, naquele sábado pela manhã, cheio de expectativas de que a tal “Caminhada Contra a Corrupção”, capitaneada pela OAB-PA, fosse se transformar em um mega-evento, capaz de chamar atenção da mídia nacional para a repulsa e o asco que nos acomete ante todas as notícias de corrupção que atentam contra o dinheiro público, sejam elas novas (como a que assola a folha de pagamento da ALEPA) ou não-tão-novas (caso SUDAM-e-as-rãs, caso Maioranas, contas da AJCarepa etc).
Não havia uma multidão, nem perto da previsão de 50 mil pessoas por parte da organização. No entanto, ainda deu para ficar saudoso, como sempre fico em eventos desse tipo. Havia centenas de pessoas que trocaram seu cotidiano da manhã de sábado para marcar presença, alguns de maneira contundente (vestindo sua revolta, por vezes) e outros de maneira tímida, ainda assim legítima. Deixaram seus planos pessoais de lado e foram cantar, bradar, conversar, fotografar, curtir um pouco de democracia “na veia”, com palavras de ordem, cantos antigos e inflamados, mais do que pelo sol forte, por um sentimento de que, com força e com vontade, ainda há esperança no coração de tanta gente.
Cheguei mesmo a lembrar dos eventos de que participei com muitos companheiros na época do movimento estudantil na década de 80, “pulando-roletas” dos ônibus para garantir a meia-passagem que todos usam hoje. Havia mais indignação, mais movimento organizado (ou pelo menos com mais gente participando), havia correntes de pensamento mais que partidos políticos (alguns dirão que ainda existem, mas sei não...). Ainda que de maneira tímida, vi emocionado que a representação estudantil estava lá, com a UNE e UBES. Mas não eram maioria, muito pelo contrário. Não vi o DCE formalmente representado, muito menos meus alunos dos cursos de biologia (CABIO...), biomedicina e medicina (minhas desculpas aos que estavam lá e que não vi).
De maneira geral, sou muito cético no que se refere à apuração destes episódios. A maioria destes não chega sequer a ocupar os juízes, quanto mais as celas das penitenciárias. Ficam emperrados nas gavetas dos ordenadores, que com o rabo sujo não tem qualquer interesse nas investigações (seja aqui na ALEPA, seja nas altas esferas do governo – vide o que ocorreu no governo passado e que começa a ter sua continuação no atual governo (PalocciGATE). Quando chegam à esfera judicial, os processos que envolvem os que podem pagar bons advogados mostram o quão lenta é nossa capacidade de punir os culpados (ilustração máxima o caso do Mensalão e, mais recentemente, os onze anos de atraso no check-in do assassino Pimenta Neves em uma penitenciária). As iniciativas populares foram e sempre serão responsáveis pelas maiores e mais contundentes transformações que este País já assistiu (vide Diretas Já, Impeachment de presidentes, sem falar em movimentos mais remotos).
Aos que acham este assunto muito chato, insisto e recomendo-os à leitura de um texto sem igual:
O Analfabeto Político
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

Ou, se ainda não identificaram, outro poema magistral e, sem dúvida, mais do que contemporâneo:

“Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.“

Bertold Brecht (1898-1956)

2. É O PET...
No último final de semana só se falou no PET! Calma, rubro-negros, não é do sérvio que estou a falar (apesar de que foi um jogo bom o de domingo entre o poderoso mengão e o “Curintias”).
Refiro-me ao XVIII FORPET, o Fórum Paraense dos Grupos PET (FORPET/PA), realizado nos dias 3-5 de junho, nas dependências do ICB e do Auditório Setorial Básico. O objetivo do fórum é realizar a troca de experiências entre os Grupos PET através da apresentação das atividades desenvolvidas em cada grupo.
Dessa forma, o FORPET é um evento que busca discussões sobre a conjuntura organizacional do Programa transformando-se em uma ferramenta primordial no processo de interação entre os Grupos e maior conhecimento a cerca do Programa.
TIRA-DÚVIDAS: o que é PET? O Programa de Educação Tutorial (PET) foi criado pelo MEC para apoiar atividades acadêmicas que integram ensino, pesquisa e extensão. Formado por grupos tutoriais de aprendizagem, o PET propicia aos alunos participantes, sob a orientação de um tutor, a realização de atividades extracurriculares que complementem a formação acadêmica do estudante e atendam às necessidades do próprio curso de graduação. O estudante e o professor tutor recebem apoio financeiro de acordo com a Política Nacional de Iniciação Científica.

Assim, os Grupos PET de Farmácia e Biologia, da UFPA ficaram responsáveis pela Edição deste ano do Fórum, abordando o tema “Universidade, PET e Comunidade”, bem como a integração entre estes três componentes da sociedade. A programação iniciou com uma sessão solene de abertura, no recém-criado Auditório Manuel Ayres. Estive lá, dividindo a mesa oficial com meu amigo contemporâneo dos tempos de faculdade, Fernando Artur “Lobinho” (hoje pró-reitor de extensão), com a Marlene Freitas e a Lucia Harada (respectivamente, pró-reitora e diretora de ensino da PROEG), com o Lauro Itó (representando a UFRA) e com os professores Maria Fani Dolabela (Curso de Farmácia – Instituto de Ciências da Saúde/UFPA) e Luiz Carlos Santana da Silva (Laboratório de Erros Inatos do Metabolismo – ICB/UFPA). Logo após a abertura, fomos brindados com uma aula magna, proferida pelo Pró-Reitor de Extensão, depois do que vários outros momentos aconteceram, tais como apresentação das atividades dos Grupos PET, Grupos de Discussão (GD’s), Dia de Ação, Reunião de Tutores/Discentes e Assembléia Geral.

3. ASSUNTOS DIVERSOS:
CONCURSO DO LOGOTIPO DA BIOLOGIA: Brasileiro deixa tudo para última hora. No último dia de prazo para inscrições, no dia 27/05, não havia ninguém inscrito para o concurso quando cheguei à Faculdade, antes das 8 horas da manhã. Resolvemos prorrogar as inscrições até o próximo dia 30/06. E não é que foi só eu divulgar o adiamento começaram a chegar os trabalhos? Já temos cerca de 15 trabalhos inscritos e esperança há de que teremos mais trabalhos até o dia-limite. Ainda não se inscreveu? Dá tempo, lembre do que falei no post anterior ("polpudo prêmio" (R$ 500,00) e muita fama ao vencedor...).
PARTICIPEM!


Por hoje é só. Tenham todos uma profícua semana.


Edmar Costa


Edmar Costa
etcosta@globo.com

@edmar_costa
etcosta@ufpa.br
         a -

segunda-feira, maio 23, 2011

EM FOCO:

1. NÓIS ENSINA A PESCÁ... - Livro didático de língua portuguesa adotado pelo MEC ensina aluno do ensino fundamental a usar a “norma popular da língua portuguesa”.

Muitos dos que seguem o noticiário semanal se surpreenderam com a divulgação de parte do conteúdo de obra chancelada pelo MEC (ou seja, aprovado pelo MEC por meio do Programa Nacional do Livro Didático), no volume “Por uma vida melhor”, da coleção “Viver, aprender”, ao defender que não há necessidade do aluno seguir a norma culta para a regra da concordância. Os autores usam a frase “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” para exemplificar que, na variedade popular, só “o fato de haver a palavra “os” (plural) já indica que se trata de mais de um livro”. Veja, no original:

Eu, particularmente, gostei da advertência de que apesar de se poder falar “os livro”, o autor adverte que “... você corre o risco de sofrer preconceito linguístico. Ou, melhor ainda: “... o falante, portanto, deve ser capaz de usar a “variante adequada” da língua para cada ocasião.”

Às vezes, fico com a impressão de que não consegui entender o que o texto claramente estabelece. Do que entendi, mesmo tendo domínio da norma culta (acho), devo me adaptar à variedade popular, dependendo da ocasião. Estranho, pra dizer o mínimo.

Em outro trecho de que gostei (ver mais abaixo), e que também foi muito explorado pela mídia, os autores mostram que não há nenhum problema em se falar “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”.
 
Claro, deveríamos ler o livro inteiro (ou não) a fim de ter uma idéia mais abrangente do livro, mas isso fica como sugestão para os técnicos do MEC, quem sabe. Apesar de ter minha opinião formada a respeito, que deve ter ficado clara nestas linhas, queria socializar alguns prós e contras que catei na rede:
- Para a autora Heloisa Ramos, apesar de ter um capítulo dedicado ao uso da norma popular, o livro não está promovendo o ensino dessa maneira de falar e escrever. “Esse capítulo é mais de introdução do que de ensino. Para que ensinar o que todo mundo já sabe?”. Segundo Heloisa, que é professora aposentada da rede pública de São Paulo e dá cursos de formação para professores, a proposta da obra é que se aceite dentro da sala de aula todo tipo de linguagem, ao invés de reprimir aqueles que usam a linguagem popular. “Não queremos ensinar errado, mas deixar claro que cada linguagem é adequada para uma situação. Por exemplo, na hora de estar com os colegas, o estudante fala como prefere, mas quando vai fazer uma apresentação, ele precisa falar com mais formalidade. Só que esse domínio não se dá do dia para a noite, então a escola tem que ter currículo que ensine de forma gradual”, diz.
NOTA: Uma defesa completa dos autores pode ser encontrada no link:
http://www.acaoeducativa.org.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=2602&Itemid=2

- O presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marcos Vilaça, criticou a adoção, pelo MEC, do livro acima. “Discordo completamente do entendimento que os professores autores desse trabalho têm. Uma coisa é compreender a evolução da língua, que é um organismo vivo, a outra e validar erros grosseiros. É uma atitude de concessão demagógica. É como ensinar tabuada errada. Quatro vezes três é sempre 12, na periferia ou no palácio”, afirmou. Ainda na semana que passou, a Academia divulgou uma nota oficial em que diz discordar da posição do ministério e que estranha “certas posições teóricas dos autores de livros”.

Segundo a ABL, embora todas “as feições sociais” da Língua Portuguesa constituam objeto de análise para disciplinas científicas, o professor espera que os livros respaldem o uso da língua padrão, “variedade que eles (os alunos) deverão conhecer e praticar no exercício da efetiva ascensão social que a escola lhes proporciona”.

“O cultivo da Língua Portuguesa é preocupação central e histórica da Academia Brasileira de Letras e é com esta motivação que a Casa de Machado de Assis vem estranhar certas posições teóricas dos autores de livros que chegam às mãos de alunos dos cursos fundamental e médio com a chancela do MEC, órgão que se vem empenhando em melhorar o nível do ensino escolar no Brasil”, diz a nota da ABL, que completa: “Todas as feições sociais do nosso idioma constituem objeto de disciplinas científicas, mas bem diferente é a tarefa do professor de Língua Portuguesa, que espera encontrar no livro didático o respaldo dos usos da língua padrão que ministra a seus discípulos, variedade que eles deverão conhecer e praticar no exercício da efetiva ascensão social que a escola lhes proporciona.

E você, que opinião tem sobre esse assunto? Mande seu e-mail para etcosta@ufpa.br ou deixe seu comentário.

NOTA: O volume de que trata o texto é o único livro de português que foi distribuído neste ano pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLDEJA) do MEC. Com isso, quase 500 mil alunos de 4.236 escolas tiveram acesso ao texto, de acordo com dados do ministério. 

2. UFPA VAI, AFINAL, INICIAR A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL ON-LINE
Durante o último fórum da graduação, realizado nos dias 12 e 13 próximos passados, foi feita a apresentação da ferramenta on-line de avaliação institucional, uma reclamação já de alguns semestres de coordenadores de curso, que virá substituir os famigerados “formulários impressos” que há muito não vinham sendo utilizados. Saber como estão sendo avaliados nossos professores, nossos alunos e a administração dos cursos é fundamental para continuidade, correção de rotas, discussões por mudanças, etc.

Minha formação como professor iniciou-se dando aulas em escolas particulares de Belém, nos idos dos anos 80, nas confortáveis salas do Colégio Moderno, Colégio Nazaré, Curso Objetivo, FICOM-UNESPA (alguém sabe o que significa?), entre outras. Naquela época, o que me chamava atenção era o acompanhamento que havia do trabalho docente, pois éramos avaliados a cada semestre pelos alunos (além da avaliação que era feita dos coordenadores, da parte administrativa, etc.), além do fato de termos uma supervisão pedagógica específica para cada grau do ensino (naquela época, tínhamos o primeiro e o segundo graus). Obviamente, a ferramenta de avaliação, além de seu aspecto informativo, era o principal mote para demissões ou “duras”, quando a avaliação detectava uma conduta diferente daquela pretendida pela mantenedora.

Muito já fui perguntado sobre qual a serventia desta avaliação na UFPA. Sempre respondo que, do ponto de vista administrativo, o objetivo está muito distante do que se fazia/faz em escolas privadas, já que demissão de professor na UFPA ou em outra IFES é um assunto complicado e raro. Gosto de responder que a avaliação serve aqui a propósitos mais nobres. Cito sempre o caso de professores que, mal avaliados, relataram não ter a menor idéia de que estavam sendo mal avaliados (daí a necessidade de se fazer a avaliação) e que, sabedores e conscientes do papel da ferramenta avaliadora, se esforçaram para corrigir rotas e melhorar performances. Esta é a situação que sempre espero que ocorra – professores que gostam de ser avaliados e que estão abertos a críticas construtivas. Óbvio também é o fato de que nem todos os professores preenchem estes últimos requisitos.

Outra necessidade que é atendida pela avaliação trata de como estão se havendo em sala de aula professores recém-contratados. Estes se submetem a um crivo rigoroso no processo de seleção, com análise de currículo, prova teórica, prova didática e análise de memorial. A partir de sua aprovação, no entanto, são lançados às “feras”, muitas vezes com a colaboração de outros professores mais antigos da cadeira, outras tantas vezes nem isso recebem. Há que se lembrar que não é pré-requisito para aprovação em concurso que o candidato seja docente (apesar de que a experiência no magistério seja pontuada no processo). Assim, muitas vezes os selecionados se tornam professores no momento do resultado do concurso, como num passe de mágica.

O que quero dizer é que o processo avaliativo é uma necessidade, mas não pode ter sua importância superdimensionada. Façamos bom uso da ferramenta, confiando sempre que seu resultado pode nos trazer bons resultados – mesmo quando a avaliação não nos é favorável.

Nas palavras da Coordenadoria de Avaliação e Currículos (CAC), da Diretoria de Ensino da PROEG, a ferramenta irá estar disponível daqui a duas semanas, para que os alunos e professores possam utilizá-la. Como conseqüência do processo on-line, promete-se que o resultado da avaliação seja disponibilizado em curto espaço de tempo, para que sua utilidade seja maximizada. Vamos aguardar e conferir.

3. DIVERSOS:

NOVA CAMISA – BIOLOGIA: Alunos da biologia (noturno - 2007 e 2008) confeccionaram uma bela camisa do curso, à guisa de divulgação e identificação do curso além, é claro, do objetivo de arrecadar algum fundo para colação de grau. Pediram minha ajuda para divulgação e cá estou eu a fazê-lo. Apressem-se, pois restam poucas unidades.
Vendas com os alunos, por R$ 15 reais a unidade.

CONCURSO DO LOGOTIPO DA BIOLOGIA: Muita gente perguntou, assuntou, mas ainda são poucos os inscritos no concurso do logotipo da FacBio, lançado há mais de um mês. Volto a lembrar do concurso e do seu "polpudo prêmio" (R$ 500,00), patrocinado pela Direção do ICB,queu trará, além de riqueza (humor negro...), muita fama ao vencedor. Não custa lembrar que, ao contrário do que muitos pensam, o símbolo que normalmente utilizamos é nacional, de propriedade do Conselho Federal de Biologia. Vamos criar o nosso? Inscrições na Secretaria da Faculdade até o próximo dia 27 de maio (sexta-feira). PARTICIPEM!


PARA REFLETIR:

Padre Manuel Bernardes (1644-1710), em “Luz e Calor”: “Não há modo de mandar, ou ensinar mais forte, e suave, do que o exemplo: persuade sem retórica, impele sem violência, reduz sem porfia, convence sem debate, todas as dúvidas desata, e corta caladamente todas as desculpas. Pelo contrário, fazer uma coisa, e mandar, ou aconselhar outra, é querer endireitar a sombra da vara torcida.”

NOSSA BIOLOGIA É MAIOR DO QUE SE PENSA...

Quantos são os estudantes de Biologia na UFPA?
Outro dia fiz este levantamento para responder ao questionário do Guia do Estudante da Editora Abril e sei que dei uma resposta inacurada, por vários motivos. Ao cravar 490 estudantes, sabia que estava usando o instrumento institucional (SIE) e considerando na conta todos os estudantes que ainda estão no sistema, apesar de longe das salas de aula. Muitos são os que ingressam e não permanecem, outros tantos que se transferem, mas “esquecem” de desistir da vaga, outros começaram mais de um curso e depois optaram informalmente por outro curso sem ao menos desistir do curso da UFPA e, considerando um caso recente, até top model que tranca o curso para investir na carreira de garota-Fantástico (conta-se aí mais uma vaga). Assim, considerando a base no ICB apenas, diria que temos cerca de 390 alunos que efetivamente vivem o curso, distribuídos nos três turnos. Este é o primeiro elemento causador de erro no levantamento acima: o número real é menor do que o número oficial.
  
O iluminado: Professor José Miguel Veloso, assessor de EAD da reitoria em seu discurso por ocasião da cerimônia de colação de Grau dos concluintes de Biologia em Capanema (7/5/2011)

Outro erro, que poucos se dão conta, reflete o fato de que a Faculdade de Ciências Biológicas, a se considerar a estrutura atual do ICB, é formada por um número bem maior de alunos do que temos nos três turnos (uma licenciatura da manhã e outra à noite, além do bacharelado vespertino). A razão para isso é a incorporação de alunos que fazem parte de ações articuladas ao longo da última década, que objetivaram reduzir o déficit encontrado nas estatísticas da educação superior: precisávamos formar mais profissionais, em paragens distantes nesse nosso imenso Estado, que estavam excluídos da oportunidade de freqüentar a Academia. Falo aqui de duas dessas iniciativas das quais participa a Faculdade: o Ensino a Distância (EAD) e o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Pública (PARFOR).


QUEM SÃO ESTES NOSSOS ALUNOS DESCONHECIDOS? Diversos profissionais valorosos do próprio ICB tocam silenciosamente já há mais de quatro anos o curso de Licenciatura em Biologia – EAD (ensino a distância), oferecidos em um primeiro momento nos municípios de Marabá, Capanema e Oriximiná, que acabaram de se formar. Mais tarde foram iniciadas as segundas turmas nestes mesmos municípios, reforçadas por mais uma turma iniciada em Parauapebas. Receberam o grau em Biologia, pelas minhas mãos e pelas mãos do professor Julio cerca de 60 novos biólogos. Não parece muito, mas pensem no que representa formar profissionais nestes municípios tão afastados da Capital e de oportunidades sérias de formação acadêmica. Foram três cerimônias emocionantes, cujos instantâneos tirados por mim da mesa oficial ilustram estas linhas, carregadas da sensação de dever cumprido de docentes e de discentes. Sei que quando lêem esta matéria, muitos têm como primeiro impulso torcer o nariz, os mais antigos certamente lembrando dos cursos do IUB – Instituto Universal Brasileiro, cujas propagandas vinham inseridas nas revistas da época. Nada mais diferente. Nesta modalidade, há aulas presenciais, à distância (com utilização das ferramentas da web), equipe multidisciplinar, tutores contratados para dar plantões tira-dúvidas, 0800, material didático de boa qualidade, investimento em salas de aula climatizadas e laboratórios de informática, biologia e até de química e física em certos campi, entre outras ferramentas. Como tem gente que só acredita em números, aqui vai: De 2000 a 2008, a educação a distância no país deu um salto de 1.682 para 760.599 alunos. Mais do que números? É também recompensador ver que muitos desses alunos já galgaram degraus mais elevados, com acesso a cursos de pós-graduação concorridos, além de colocações no mercado de trabalho como graduados. Estes alunos são também responsáveis por um desempenho excepcional em sete das 13 áreas analisadas pelo Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Enfim, esta modalidade de ensino tem dado uma contribuição ímpar para a democratização do acesso ao ensino superior público.
Na Bela Oriximiná, os concluintes nos brindaram com cerimônia e baile concorridos e de muito bom gosto.
A segunda destas iniciativas é o PARFOR. O Plano oferece licenciaturas a professores da rede pública estadual e municipal de ensino, gratuitamente. Para participar do PARFOR, o professor deve estar em exercício da docência e cadastrado no Educacenso-2009. Terão prioridade os professores que possuem apenas o nível médio e solicitarem o curso na área em que estão atuando. Para ministrar as aulas a esses "professores-alunos", as IES convidam os professores universitários a se locomoverem até os municípios para executarem o Projeto Pedagógico criado especialmente para professores em exercício do magistério. Esse programa pretende formar pelo menos 300.000 professores que já atuam na Educação Básica no Brasil, sendo 40.000 no Pará, e não possuem a formação exigida pela Lei atual. Na UFPA, há turmas formadas em dezenas de municípios, em 19 licenciaturas diferentes. No caso do curso oferecido pela Biologia, tem a duração de sete semestres e acontecem no período em que os professores-alunos estão em recesso de suas atividades na escola (janeiro, fevereiro, julho e agosto), além de eventuais aulas aos finais de semana. Ao final da graduação, os professores-alunos receberão diploma de curso superior. Na primeira abertura, foram formadas duas turmas em Belém, além de uma turma em Breves e outra em Marabá, que já irão cursar o terceiro semestre do curso. Há também uma turma em Capitão-Poço que irá cursar o segundo semestre em julho e outra turma de “calouros” que iniciará o curso em Capanema.

Pompa e circunstância: cerimônia de colação de Grau dos primeiros concluintes de Biologia – EAD em Marabá (15/4/2011).
Fizeram a conta? Atualmente, considerados todos esses alunos disseminados nos municípios discriminados, já subtraídos os cerca de 60 alunos que se graduaram recentemente pela EAD, posso arriscar que temos cerca de 650 alunos efetivos. Viram só? Nossa Biologia é realmente bem maior do que se pensa, não?



terça-feira, novembro 16, 2010

UM NOVO ANTONIO, UM NOVO COMEÇO...

ANTONIO era o nome do meu avô materno. Não lembro de ter havido alguém com mais influência em minha vida, desde que me entendo por gente, como se costuma dizer quando se brinca de tentar lembrar da primeira memória (e você, que me lê, do que lembra quando brinca assim?).
Lembro da Vila Cabralzinho (perto do Arsenal de Marinha), que não foi nem meu primeiro local de morada em Belém, mas foi o lugar em que me criei, muito bem acompanhado de todas as brincadeiras e traquinagens que faziam felizes as crianças de ontem, muito mais que as de hoje.
E o vovô Antonio, descendente direto das boas terras de Portugal, vinha sempre nos visitar, desde lá de São Sebastião da Boa Vista, município de onde fui gerado.

Era sisudo, alto que nem um poste e, do que me lembro e do que conta minha boa mãe, não dava muita bola para moleques da minha idade. Isso é o que sempre me intrigou. Desde cedo, botou os olhos em mim e me escolheu para ser uma espécie de neto favorito: para recados, compras, boas histórias e estórias, de comprar sorvete e doces, de leituras sem fim e de muita palavra cruzada. Também lembro, e talvez seja este um dos motivos desta bemquerência, das cartas que trocávamos, ricas em todos os sentidos, principalmente por ser pouco comum, um garoto de menos de 10 anos de idade se correspondendo com o avô no interior (nota: não era por correio convencional, mas por portador).

Autodidata, tinha uma coleção imensa da revista Seleções, na mesma casa em que minha mãe morou. Sempre olhei com olho grande para aquela pilha, que acabou não sendo minha e, provavelmente, acabou em algumas privadas escuras de BV.
Pôs em mim meu primeiro apelido, doutorzinho. Não tenho a menor idéia do que o levou a isso, mas sou levado a desconfiar que tinha algo de cdf naquela época. Ao final de sua vida, quando fomos chamados ao interior para seus momentos finais, depois de mais de um dia, no momento de seu suspiro final, eu estava lá segurando sua mão, que se esfriou lentamente e da qual não queria soltar. Vesti-o para o velório e esta é uma memória viva de alguém tão especial para mim.

Pois bem. Anos mais tarde, em 2000, Samantha esperava um bebê e teríamos que escolher um nome. Espertamente, propus que dividissemos a tarefa. Se menina, ela escolhia. Se menino, o nome não poderia ser outro - Antonio, a homenagear meu avô.
Nasceu a Gabriela, um presente lindo que me alegra os dias e que se tornou ao longo destes dez anos mais do que uma filha, uma grande "amiga mirim", a quem procuro passar alguma coisa do que aprendi e com quem aprendo a cada dia como me tornar mais tolerante e paciente. Cheiro de cravo, cor de canela, prazer de conhecer, Gabriela.

Passaram-se dez anos e muita coisa aconteceu em nossas vidas, tanta coisa que aqui neste espaço não cabe. Cabe resummir dizendo, no entanto, que depois de dez anos estávamos juntos os três novamente, eu, Sam e Gabi, a esperar um novo membro da Família. Seria um menino, e o nome já havia sido escolhido lá no início desta saga - era um novo Antonio que estava chegando, a me lembrar todos os dias do avô que tive e que tanto me marcou.

Antonio chegou para a gente no dia 23 de outubro, dia de São João de Capistrano (segundo o que o Google informou, vá lá). Pesava 3.140 gramas e media um centímetro menos que meio metro. Nasceu com muita fome e desde então passou a fazer do ato de mamar sua atividade predileta, além de outras menos cheirosas e tantas ruidosas.
Não vou ousar usar o chavão: "é a cara do pai". Mas cá pra nós, também não era nenhuma cara de joelho. Nasceu com traços definidos, sereno como todo bebê que nasce com saúde. Méritos da insistência, paciência e amor de sua mãe, que segurou a impertinência e a pressa do moleque em sair da útero desde os cinco meses de gravidez. Obrigado, Sam, por mais uma criança que virá para me preencher a rotina, já tão atribulada, mas sempre com folga para aprender com os pequenos.
Ave Antonio, seja bem-vindo. Que a vida te reserve muitas coisas boas, entre todas as experiências que irás ter nesta breve existência aqui em Gaia. Carpe Diem, meu pequeno. Seja feliz, que seja essa tua obrigação maior.

segunda-feira, maio 10, 2010

Passeio de bike pelas escolas da minha vida...

Dos prazeres que insisto em manter (ok, alguns dirão que ainda mantenho muitos...), pedalar minha bike é um dos que mais me dá retorno em prazer e, de quebra, em um pouco de atividade física. Nos domingos, tiro vantagem de minha insônia e pulo da cama direto para o selim da magrela (na foto ao lado, além dos manetes da minha schwinn se vê ao fundo a escultura do píer da casa das onze janelas e a oponência do rio Guamá). Vantagens: a esta hora da manhã o sol ainda está "frio" e o trânsito mais (muito mais) civilizado.


Faço a cada domingo mais ou menos o mesmo circuito, que reúne um pouco de nostalgia e a rara oportunidade de passar por pontos que a rotina do dia-a-dia me afasta cada vez mais. Hoje vou aproveitar para contar sobre o passeio do último domingo, em que visitei as escolas que me formaram aqui em Belém...


De casa, parto em direção à BC, quase sem sol ainda, dou umas voltinhas só para ver quem está por lá. Depois parto em direção ao primeiro pit-stop: Instituto Padre Guido Del Toro (em alusão a um padre jesuíta que faleceu em Belém, em 1968, com 90 anos de idade), na praça do Arsenal. É mais fácil para muitos identificar como um prédio de construção antiga que fica na esquina do corredor de gente em que se transforma, aos domingos, aquela rua ao lado do Arsenal de Marinha que leva ao Mangal das Garças e ao ... Mormaço.


Esta foi minha primeira escola (pelo menos do que me lembro...). Tratava-se de uma escola mantida por padres italianos ligados à Prelazia de Ponta de Pedras. Do fundo do hipocampo trago a imagem de Dom Angelo, padre simpático que gostava de jogar conversa fora, dos professores e, especialmente, da "dona" da escola, Dona Nerina, uma italiana enfezada que ficou marcada na minha memória pelos gritos que dava ao ver algum petiz em flagrante delito: "Ei-la menino!!!" Dentre os muitos com quem estudei por lá, lembro do Jacinto Kahwage, que hoje é um renomado músico da terra, mas que era o bagunceiro-mor da escola. Também estudei com os filhos do Professor Hermes, que mais tarde viria a ser meu colega de Departamento na UFPA (por pouco tempo antes do mesmo se aposentar). Pena que já não funcione mais, apesar de perceber pela rua lateral que leva ao Mormaço que estão reformando o prédio (sem preservar a arquitetura original, a julgar pela substituição de janelas por vidros... argh!!!).


De lá, seguindo a cronologia das escolas, fui para o largo do Carmo, na cidade velha, onde o silêncio das 7:30 da manhã era apenas quebrado pelos sons dos hinos católicos vindos da Igreja do Carmo, mais uma contribuição de Landi para Belém, e uma das mais antigas igrejas da cidade (c. 1766). Apesar de ter estudado no Colégio do Carmo por apenas um ano, tenho lembranças marcantes deste tempo, em que o colégio tinha uma melhor reputação e abrigava os filhos da nata da sociedade belenense. Algumas curiosidades: morava no Arsenal (vila Cabralzinho) e ia a pé ou de carona com vizinhos para lá (em um jipe maneiro), junto com meus dois irmãos mais velhos, Edson e Edilson. Na maioria das vezes, no entanto, ia mais cedo, a tempo de assistir a missa, que ocorria 30 minutos antes de se iniciarem as aulas (quem poderia imaginar, huh?). Também lembro dos campeonatos de futebol, muito movimentados, e dos sábados em que o colégio fervilhava de agitação, com muitas atividades esportivas. Lembro da "balada mexicana", que tocava religiosamente a cada dia no horário do recreio (santa falta de criatividade...), uma esepécie de lavagem cerebral. Comecei a estudar inglês como curso extra e me preparei e fiz a primeira comunhão no colégio, ao tempo do padre Pietro Gerosa como diretor. Sabia de cor a biografia de Marcelino Champagnat (Fundador do Instituto dos Pequenos Irmãos de Maria e dos Irmãos Maristas das Escolas), o que me lembra de que nesta época era era menos crítico e mais crente, ainda bem antes da revolução que o apego à ciência causou em minha forma de conceber o universo e suas origens.



Já voltando, passei por outra escola, pública e que gozava de ótima reputação na época (estamos no final da década de 70, ok?), que muitos nunca ouviram falar. Trata-se da Escola Caldeira Castelo Branco. Estudei lá desde a 6a. série até o final do ensino fundamental (primeiro grau, na época). Fiz grandes amigos (o melhor deles, Jesus Nazareno, vejo até hoje, embora menos do que gostaria), a primeira namorada (ou algo parecido com isso) e amadureci bastante em três anos realmente maravilhosos. Muitos dos mestres que conheci serviram-me de inspiração, pelo exemplo, pela abnegação e, principalmente, pela dedicação, em um tempo em que era motivo de orgulho ser professor da rede pública. Do "Caldeira" saí formado em matérias da vida, as quais provavelmente não conheceria em um colégio particular.


Naqueles tempos, já no início da década de 80, tinhamos que nos submeter a um teste de seleção para entrar nos colégios do segundo grau (hoje ensino médio). Junto com diversos amigos e com minha irmã, Elinete, que a esta época estudava na mesma série, fizemos o teste para entrarmos no Liceu Paraense (denominação de outrora do CEPC - Colégio Estadual Paes de Carvalho), que acabou sendo o reduto onde finalizei meus estudos no ensino médio. No Paes de Carvalho me tornei xaréu (apelido dado pelas piramutabas do IEP, naquela época exclusivo para moças que queriam fazer carreira no magistério). Conheci tanta gente boa, alguns ótimos professores - Marconi, Orlando (já falecido), Paulo da Química, Zé Carlos, Guigui, etc - fiz minha segunda namorada (Maria Benedita), meu grande parceiro Augusto (com quem estabeleci uma amizade que se tornou fraternidade), Syme Bemmuyal (que se juntou a mim na Biologia da UFPA), Mozart, Pena, Braga e Rosivaldo (que já estudavam comigo desde a época do "Caldeira"), Valderez, Franci, Walter Cancela (hoje renomado professor de química), Junior (acho que o nome dele é Hegezipo), Marcioni, e tantos outros parceiros de jogos de futebol de salão, serestas (era como chamávamos a reunião que envolvia batucada e cachaça) e, de quebra, muito estudo, já que naquela época o ensino médio não preparava para o vestibular. Ao final, poucos foram aprovados no vestibular e assim eu entrei para o curso de Biologia da UFPA, ainda um moleque de dezesseis anos. Mas isso é assunto para outro post. Inté!
OBS: As fotos acima (exceto a última, extraída do site skiscrappercity) foram geradas, com alguma pressa e medo de gatunos, com a câmera do iphone, assim desculpem a falta de melhor qualidade...

quinta-feira, novembro 26, 2009

A miséria de uma vida sem dor

Uma vida sem dor? Parece um sonho, mas... que pesadelo!!!

No último globo repórter, transmitido no dia 20/11, mostraram o caso de uma mulher que nunca sentiu dor. Marisa Martins, de 23 anos, moradora de uma pequena cidade no interior de São Paulo, contou que nunca sentiu dor de dente, dor de cabeça, dor de barriga ou dor nas costas. "Pode pegar uma faca e me cortar que eu não sinto", afirma.



Na UFPA, a cada semestre nos cursos em que ministro aulas (biologia, biomedicina e medicina), meus alunos lêem um "box" de especial interesse no livro texto de neurociências (Mark Bear - Artmed) que tem o mesmo título desta postagem.

Estamos, na verdade, nos referindo a uma condição denominada insensibilidade congênita à dor ou simplesmente analgesia congênita, em que a pessoa não é capaz de sentir dor física, que se manifesta desde o nascimento.

A dor é a maneira pela qual nosso corpo nos informa que algo está errado. Se você tocasse distraidamente, por exemplo, um pedaço de brasa em um churrasco de sua turma, e não sentisse nada, você iria ficar com sua mão repousando ali. Imagine toda a lesão que você iria causar à sua mão. Quando alguém desenvolve apendicite manifesta sensação de dor na região abdominal vizinha ("dor referida") e assim você resolve procurar um médico, que pode fazer o diagnóstico e tratá-lo. Se não sentisse dor, seu apêndice iria estourar e você poderia morrer. É a dor que nos baliza os limites, portanto.

Esta doença é hereditária e muito rara. Nos Estados Unidos, existem cerca de 35 pessoas com a doença. No Japão, uma sociedade "homogênea", existem cerca de 200 casos. Não consegui encontrar epidemiologia confiável no Brasil.

Nos anos 1980, progressos na histopatologia neural permitiram demonstrar que esta insensibilidade era quase sempre uma manifestação de neuropatias autonômicas e sensoriais hereditárias envolvendo fibras nervosas de pequeno calibre (A-delta e C), que normalmente transmitem "inputs" nociceptivos ao longo de nervos sensoriais. Recentemente, mutações do gene que codifica um tipo de canal de sódio dependente de voltagem (Nav1.7) -- preferencialmente expresso em nociceptores periféricos e gânglios simpáticos -- foram definidas como a causa da analgesia congênita em pacientes que mostravam biópsia normal do nervo.

Não tenho a pretensão de esgotar o assunto aqui, por isso deve bastar dizer que o exposto acima reflete apenas uma das muitas condições que envolvem perda de sensibilidade à dor. Existem muitas variações sobre o mesmo tema, mas espero que o resumo sirva para acirrar a curiosidade.

Aristóteles já dizia: 'We cannot learn without pain.'

Inté.

Quer ler mais? Uma boa referência (em inglês, sorry) está em:
Nature 444, 894-898 (14 December 2006) - An SCN9A channelopathy causes congenital inability to experience pain.

terça-feira, novembro 24, 2009

Promessa de campanha


Durante a última semana, quando ocorreram as eleições no ICB, depois de mais de doze anos sem pleitos, relembrei meus tempos de movimento estudantil. Pude lembrar dos projetos de pichação, elaboração de cartazes e faixas no CABIO e no DCE de que participamos eu, Rassi (hoje no Teatro), Fátima (onde andará?), Róbson (anatomia da UEPA) e tantos outros. A atmosfera ainda era muito pesada, o ar ainda tinha traços da ditadura, da opressão, que ainda chegamos a experimentar, mas foram anos impagáveis, que passaram rápido demais.
Enfim (back to reality), para divulgar a chapa intrometida em que nos metemos, eu e Marco Antonio, para disputar as eleições à Direção da Faculdade de Ciências Biológicas, resolvi agitar umas camisetas (felizmente não deu para quem quis, o que era um bom sinal de que podia dar "zebra").
Prometi a umas pequenas alunas da turma de licenciatura-2009 (manhã) que se a zebra levantasse vôo iria utilizar o lay-out para imprimir mais algumas camisas - claro que sem os nossos nomes na frente. Uma semana depois, e depois da "zebra ter voado", recebi a arte final hoje, encomendei a tela e daqui a alguns dias vou ter algumas camisetas para sortear entre os alunos (todos, não apenas da reduzida turma de seguidores que consegui). O que acham? Como não há mais tempo para sugestões (a turma já tava achando que era só mais uma conversa de eleição), qualquer idéia ou crítica fica valendo para uma próxima, valeu?

Postagem #01

Neste post #01, queria dizer a que me proponho. Gostaria de falar de atualizações em neurociência, de uma maneira menos formal, utilizando-me de notícias recentes publicadas nas revistas de divulgação e em outros sites e blogs que tratam do assunto. Como costumo dizer em minhas aulas, a tentativa é de traduzir para o português o que é publicado subtraindo a maior parte do sotaque neurocientista mais elaborado.
Para não ficar chato, também gostaria de falar sobre atualidades da UFPA e do ICB (Instituto de Ciências Biológicas), que irão tornar o que é postado mais próximo dos estudantes, técnicos e professores do ICB e adjacências, ajudando a conseguir seguidores e comentários.
No final, acho que vai dar vontade de falar de muita coisa.
Então, tá combinado. A fim de honrar o título presunçoso do blog - NEURAL, vou falar sempre de algum assunto interessante que diga respeito ao estudo do cérebro, das emoções e do comportamento. Mais do que isso, não vou estabelecer muitos limites e falar sobre... o que me der na telha.
Vamos ver se vale a pena para mim e para vocês.
Inté.

PS: Para criar o logo do blog, me servi de uma visualização do encéfalo humano com uma técnica chamada DTI (diffusion tensor imaging). A técnica permite mostrar os inúmeros tratos de fibras nervosas que cruzam o plano médio-sagital. Não parece um modelo maluco de penteado punk?