1. NÓIS ENSINA A PESCÁ... - Livro didático de língua portuguesa adotado pelo MEC ensina aluno do ensino fundamental a usar a “norma popular da língua portuguesa”.
Muitos dos que seguem o noticiário semanal se surpreenderam com a divulgação de parte do conteúdo de obra chancelada pelo MEC (ou seja, aprovado pelo MEC por meio do Programa Nacional do Livro Didático), no volume “Por uma vida melhor”, da coleção “Viver, aprender”, ao defender que não há necessidade do aluno seguir a norma culta para a regra da concordância. Os autores usam a frase “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” para exemplificar que, na variedade popular, só “o fato de haver a palavra “os” (plural) já indica que se trata de mais de um livro”. Veja, no original:
Eu, particularmente, gostei da advertência de que apesar de se poder falar “os livro”, o autor adverte que “... você corre o risco de sofrer preconceito linguístico. Ou, melhor ainda: “... o falante, portanto, deve ser capaz de usar a “variante adequada” da língua para cada ocasião.”
Às vezes, fico com a impressão de que não consegui entender o que o texto claramente estabelece. Do que entendi, mesmo tendo domínio da norma culta (acho), devo me adaptar à variedade popular, dependendo da ocasião. Estranho, pra dizer o mínimo.
Em outro trecho de que gostei (ver mais abaixo), e que também foi muito explorado pela mídia, os autores mostram que não há nenhum problema em se falar “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”.
Claro, deveríamos ler o livro inteiro (ou não) a fim de ter uma idéia mais abrangente do livro, mas isso fica como sugestão para os técnicos do MEC, quem sabe. Apesar de ter minha opinião formada a respeito, que deve ter ficado clara nestas linhas, queria socializar alguns prós e contras que catei na rede:
- Para a autora Heloisa Ramos, apesar de ter um capítulo dedicado ao uso da norma popular, o livro não está promovendo o ensino dessa maneira de falar e escrever. “Esse capítulo é mais de introdução do que de ensino. Para que ensinar o que todo mundo já sabe?”. Segundo Heloisa, que é professora aposentada da rede pública de São Paulo e dá cursos de formação para professores, a proposta da obra é que se aceite dentro da sala de aula todo tipo de linguagem, ao invés de reprimir aqueles que usam a linguagem popular. “Não queremos ensinar errado, mas deixar claro que cada linguagem é adequada para uma situação. Por exemplo, na hora de estar com os colegas, o estudante fala como prefere, mas quando vai fazer uma apresentação, ele precisa falar com mais formalidade. Só que esse domínio não se dá do dia para a noite, então a escola tem que ter currículo que ensine de forma gradual”, diz.
NOTA: Uma defesa completa dos autores pode ser encontrada no link:
http://www.acaoeducativa.org.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=2602&Itemid=2
- O presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marcos Vilaça, criticou a adoção, pelo MEC, do livro acima. “Discordo completamente do entendimento que os professores autores desse trabalho têm. Uma coisa é compreender a evolução da língua, que é um organismo vivo, a outra e validar erros grosseiros. É uma atitude de concessão demagógica. É como ensinar tabuada errada. Quatro vezes três é sempre 12, na periferia ou no palácio”, afirmou. Ainda na semana que passou, a Academia divulgou uma nota oficial em que diz discordar da posição do ministério e que estranha “certas posições teóricas dos autores de livros”.
Segundo a ABL, embora todas “as feições sociais” da Língua Portuguesa constituam objeto de análise para disciplinas científicas, o professor espera que os livros respaldem o uso da língua padrão, “variedade que eles (os alunos) deverão conhecer e praticar no exercício da efetiva ascensão social que a escola lhes proporciona”.
“O cultivo da Língua Portuguesa é preocupação central e histórica da Academia Brasileira de Letras e é com esta motivação que a Casa de Machado de Assis vem estranhar certas posições teóricas dos autores de livros que chegam às mãos de alunos dos cursos fundamental e médio com a chancela do MEC, órgão que se vem empenhando em melhorar o nível do ensino escolar no Brasil”, diz a nota da ABL, que completa: “Todas as feições sociais do nosso idioma constituem objeto de disciplinas científicas, mas bem diferente é a tarefa do professor de Língua Portuguesa, que espera encontrar no livro didático o respaldo dos usos da língua padrão que ministra a seus discípulos, variedade que eles deverão conhecer e praticar no exercício da efetiva ascensão social que a escola lhes proporciona.
E você, que opinião tem sobre esse assunto? Mande seu e-mail para etcosta@ufpa.br ou deixe seu comentário.
NOTA: O volume de que trata o texto é o único livro de português que foi distribuído neste ano pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLDEJA) do MEC. Com isso, quase 500 mil alunos de 4.236 escolas tiveram acesso ao texto, de acordo com dados do ministério.
2. UFPA VAI, AFINAL, INICIAR A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL ON-LINE
Durante o último fórum da graduação, realizado nos dias 12 e 13 próximos passados, foi feita a apresentação da ferramenta on-line de avaliação institucional, uma reclamação já de alguns semestres de coordenadores de curso, que virá substituir os famigerados “formulários impressos” que há muito não vinham sendo utilizados. Saber como estão sendo avaliados nossos professores, nossos alunos e a administração dos cursos é fundamental para continuidade, correção de rotas, discussões por mudanças, etc.
Minha formação como professor iniciou-se dando aulas em escolas particulares de Belém, nos idos dos anos 80, nas confortáveis salas do Colégio Moderno, Colégio Nazaré, Curso Objetivo, FICOM-UNESPA (alguém sabe o que significa?), entre outras. Naquela época, o que me chamava atenção era o acompanhamento que havia do trabalho docente, pois éramos avaliados a cada semestre pelos alunos (além da avaliação que era feita dos coordenadores, da parte administrativa, etc.), além do fato de termos uma supervisão pedagógica específica para cada grau do ensino (naquela época, tínhamos o primeiro e o segundo graus). Obviamente, a ferramenta de avaliação, além de seu aspecto informativo, era o principal mote para demissões ou “duras”, quando a avaliação detectava uma conduta diferente daquela pretendida pela mantenedora.
Muito já fui perguntado sobre qual a serventia desta avaliação na UFPA. Sempre respondo que, do ponto de vista administrativo, o objetivo está muito distante do que se fazia/faz em escolas privadas, já que demissão de professor na UFPA ou em outra IFES é um assunto complicado e raro. Gosto de responder que a avaliação serve aqui a propósitos mais nobres. Cito sempre o caso de professores que, mal avaliados, relataram não ter a menor idéia de que estavam sendo mal avaliados (daí a necessidade de se fazer a avaliação) e que, sabedores e conscientes do papel da ferramenta avaliadora, se esforçaram para corrigir rotas e melhorar performances. Esta é a situação que sempre espero que ocorra – professores que gostam de ser avaliados e que estão abertos a críticas construtivas. Óbvio também é o fato de que nem todos os professores preenchem estes últimos requisitos.
Outra necessidade que é atendida pela avaliação trata de como estão se havendo em sala de aula professores recém-contratados. Estes se submetem a um crivo rigoroso no processo de seleção, com análise de currículo, prova teórica, prova didática e análise de memorial. A partir de sua aprovação, no entanto, são lançados às “feras”, muitas vezes com a colaboração de outros professores mais antigos da cadeira, outras tantas vezes nem isso recebem. Há que se lembrar que não é pré-requisito para aprovação em concurso que o candidato seja docente (apesar de que a experiência no magistério seja pontuada no processo). Assim, muitas vezes os selecionados se tornam professores no momento do resultado do concurso, como num passe de mágica.
O que quero dizer é que o processo avaliativo é uma necessidade, mas não pode ter sua importância superdimensionada. Façamos bom uso da ferramenta, confiando sempre que seu resultado pode nos trazer bons resultados – mesmo quando a avaliação não nos é favorável.
Nas palavras da Coordenadoria de Avaliação e Currículos (CAC), da Diretoria de Ensino da PROEG, a ferramenta irá estar disponível daqui a duas semanas, para que os alunos e professores possam utilizá-la. Como conseqüência do processo on-line, promete-se que o resultado da avaliação seja disponibilizado em curto espaço de tempo, para que sua utilidade seja maximizada. Vamos aguardar e conferir.
3. DIVERSOS:
NOVA CAMISA – BIOLOGIA: Alunos da biologia (noturno - 2007 e 2008) confeccionaram uma bela camisa do curso, à guisa de divulgação e identificação do curso além, é claro, do objetivo de arrecadar algum fundo para colação de grau. Pediram minha ajuda para divulgação e cá estou eu a fazê-lo. Apressem-se, pois restam poucas unidades.
Vendas com os alunos, por R$ 15 reais a unidade.
CONCURSO DO LOGOTIPO DA BIOLOGIA: Muita gente perguntou, assuntou, mas ainda são poucos os inscritos no concurso do logotipo da FacBio, lançado há mais de um mês. Volto a lembrar do concurso e do seu "polpudo prêmio" (R$ 500,00), patrocinado pela Direção do ICB,queu trará, além de riqueza (humor negro...), muita fama ao vencedor. Não custa lembrar que, ao contrário do que muitos pensam, o símbolo que normalmente utilizamos é nacional, de propriedade do Conselho Federal de Biologia. Vamos criar o nosso? Inscrições na Secretaria da Faculdade até o próximo dia 27 de maio (sexta-feira). PARTICIPEM!
Link para o Edital: http://www.ufpa.br/icb/noticias/detalhe.php?nIdNoticia=16
PARA REFLETIR:
Padre Manuel Bernardes (1644-1710), em “Luz e Calor”: “Não há modo de mandar, ou ensinar mais forte, e suave, do que o exemplo: persuade sem retórica, impele sem violência, reduz sem porfia, convence sem debate, todas as dúvidas desata, e corta caladamente todas as desculpas. Pelo contrário, fazer uma coisa, e mandar, ou aconselhar outra, é querer endireitar a sombra da vara torcida.”